O atual Secretário de Segurança do Estado do Rio de Janeiro, Sr. José Mariano Beltrame, assim definiu como ele imagina que a Polícia deve ser: "Queremos um policial com formação técnica e humanista". Acredito que o Sr. Secretário deve primeiro descobrir o que as palavras "técnica" e "humanista", principalmente esta última, significam. Ou então esclarecer à população qual ser entendimento destes termos.
O que é morar em uma comunidade dita como pacificada? Somente quem passa por essa experiência sabe o que isso significa. E eu posso dizer com experiência de causa, porque resido há 33 anos em uma comunidade há mais de um ano "pacificada". E sabe o que ganhamos com isso? Nada!
Vejo propagandas do Governo do Estado na televisão e fico tentando reconhecer aquelas imagens ou tentando me inserir naquele contexto. Tudo aquilo é muito estranho à minha realidade. Parece outra cidade, outro país. A realidade não é colorida, bonita e sorridente como apresentam. Ela é cinza, triste e banguela!
O site oficial da UPP assim as definem: "A Unidade de Polícia Pacificadora é um novo modelo de Segurança Pública e de policiamento que promove a aproximação entre a população e a polícia, aliada ao fortalecimento de políticas sociais nas comunidades". Tudo balela, conversa de político para o pobre do boi dormir.
A UPP fere a Constituição Federal, os Direitos Humanos e o faz de forma grave e inconsequente. O policial, ao chegar em uma comunidade dominada pelo tráfico, age de forma irresponsável. Atiram primeiro e perguntam depois. Muitas pessoas inocentes, crianças, mulheres, homens que iam ou voltavam do trabalho, gente de bem e do bem, foram vítimas desta invasão. Não há técnica. Apenas a ordem do ATIRE PRIMEIRO E PERGUNTE DEPOIS.
A Constituição Federal, em seu artigo 5º, reza que "ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença pensa condenatória " Ou seja, somos inocentes até que nossa culpa seja legalmente comprovada.
O artigo 1º da Declaração Universal dos Direitos Humanos - um documento importantíssimo das Nações Unidas - diz que "todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos".
Nestas comunidades, a miséria é monstruosa. Não há saneamento básico. A água não chega para todos. As crianças estão fora das instituições educacionais. O consumo e comercialização de entorpecentes continua existindo - e, às vezes, com a conivência desta polícia técnica e humanista.
As obras que estão sendo feita são meramente de fins eleitorais. Grandes estruturas são construídas, mas a qualidade do serviço oferecido é péssimo. As UPA's - Unidades de Pronto-atendimento - não têm médico e quando tem não estão em quantidade suficiente para atender a demanda. A população sofre. As Clínicas da Família não cuidam, não fazem o trabalho que deveria ser feito. Minha mãe, por exemplo, foi humilhada pela atendente na clínica que fica na Penha. Disse que nunca mais bota os pés lá. Isso é humanista, Sr. Governador?

Eu tenho nojo disso tudo! Nojo dos nossos governantes! Nojo da política que é feita! Nojo desse sistema. Tenho vontade de vomitar quando vejo que somos diariamente enganados.
Pois bem! Esse texto é só o primeiro de muitos outros que virão. Cansei de ficar passivo diante destas situações que sofro todos os dias. Vou usar as mídias sociais a meu favor. Fazer ouvir o meu grito que sei que não é solitário. Estou cansado de ser tratado como lixo humano! Tenho direitos! E exijo respeito, exijo DIGNIDADE!
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